A Paz é uma cultura que não é dada, ela
precisa ser construída. Como disse recentemente Mujica, nossa militância tem
que estar voltada para a construção não desse ou daquele sistema de governo,
mas de uma nova civilização. Nosso modelo civilizatório está fracassado em
todos os sentidos. O escritor de bioenergética, William Reich, fala que a
cultura humana ainda está para ser feita.
Vivemos num total processo de barbárie e
alienação. Nossa visão integral de mundo foi esfacelada pelo cartesianismo
impregnado no DNA de todos os segmentos sociais hegemônicos. A maioria
esmagadora reclama do fogo que lhe queima, jogando lenha na fogueira.
A cultura da guerra é altamente lucrativa para
o sistema capitalista, que ver o Planeta como um mero balcão de negócio,
passando por cima de tudo e de todos.
Devemos parar de ser mamulengos do teatro do horror da
Sociedade Capitalista, que transforma nossas diferenças em profundas
desigualdades, zonas permanentes de conflito. Temos que voltar a trilhar o
caminho da sabedoria e simplicidade ensinado pela Mãe Natureza.
Não é possível a cultura da paz nutrindo
nossas células todos dias com a cultura da guerra. Vejamos nossas demagogias:
- Queremos paz dando as nossas crianças
brinquedos de armas de fogo, super heróis (verdadeiros genocidas), estilingues
e etc. Deixando eles assistirem o dia todo programas de televisão e jogos
eletrônicos sangrentos. Desde a mais remota infância nossos filhos são expostos
a esse caldo cultural sedento de conflito;
- Queremos paz educando nossos filhos com o
chicote na mão. Na base do grito;
- O centro da cidade quer paz se entupindo de
drogas. Lançando nas zonas periféricas o tenebroso mundo do tráfico. Uma
geração enterrada nas drogas, lícitas e ilícitas, não podem alcançar a paz
interior e consequentemente transbordá-la nos espaços comunitários;
- Queremos a paz assistindo e lendo a grande
mídia nacional, e os filmes de guerra ianques. Todos agentes de propaganda da
indústria bélica;
- Ouvindo músicas que incitam a selvageria e
a depreciação da mulher;
- Queremos a paz votando na bancada da bala,
na direita burguesa golpista. Historicamente racista, machista, estupradora,
assassina, escravocrata e outras infinidades de estupidez;
- Queremos paz alimentando as desigualdades
sociais, ficando de braços cruzados na luta de classe. Não teremos paz em um
sistema de produção baseado na exploração e consumo desenfreado;
- Compramos nossos produtos das grandes
multinacionais, principalmente norte americanas, todas elas financiadoras dos
grandes conflitos que estão matando milhões de inocentes;
- Queremos paz se alimentado de uma comida
oriunda da dor e sofrimento dos animais. Em relações degradantes de trabalho e
ambiental. O alimento não só alimenta nosso corpo físico, mas também os outros
corpos (emocional, espiritual e etc). Somos aquilo que comemos, já dizia a
sabedoria há milhares de anos, ainda não aprendemos os ensinamentos sagrados;
Estamos em um automatismo que nos leva a cada
dia para o caminho da autodestruição. Nossa solução para um problema é
alopática, provoca uma série de efeitos colaterais ainda piores. Perdemos a
capacidade de ver a causa real das coisas. A realidade é uma grande teia
complexa.
É preciso entender que não se apaga fogo
colocando lenha na fogueira. Precisamos ter a coragem de seguir as experiências
de comunidades e países que estão vivenciando interessantes processos de
construção da paz. Baseados na desmilitarização, da prática de meditação, alimentação saudável, combate
sistemático a desigualdade social, implantando um modelo educacional voltado
para valorização da vida, não deixando as crianças expostas a essa civilização
doentia e tantas outras ações.
Não podemos individualizar um problema que é
coletivo, todos somos vítimas e culpados ao mesmo tempo. A paz é uma obra de
todos nós operários, não vai cair do céu e nem vai ser dada pela elite
dominante.
Gandhi tem um a frase que diz: “Olho por
olho, e o mundo acabará cego.” Sem enxerga já estamos a muito tempo, temos que
cuidar para não perdermos o pescoço.
‘
Por Daniel Uniraam
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